quarta-feira, 26 de setembro de 2007



Apolo Vencido:

Desabo por cima de ti
Pacificado pelo amor que tu me destes
É nessa hora que o mundo enlouquece
Ao ver Apolo no colo de Açucena.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Porque eu gosto de Powerlifting




Porque eu gosto de powerlifting:

Eu gosto de coisas intensas, amor pra mim só se for intenso, amizade só se for intensa, mas intenso não quer dizer indelicado. Gosto de coisas e esportes delicados, não me refiro a delicadeza da Belle Époque, não me refiro a boa educação e os costumes nobres mal adotados pela burguesia, boa educação e frescuras são o ó do borogodó.

Admiro a delicadeza do ballet, o esforço e a precisão milimétrica que sustenta toda aquela graciosidade. Já ouvi e li eu te amo de algumas maneiras diferentes, aprecio o soneto perfeito, o por do sol exato e o beijo de cinema, da mesma forma que ouvir na barraca de cachorro quente a seguinte frase: cara, eu te amo para caralho! Para mim tudo isso é delicadeza.

O powerlifting é um ballet ao contrario, é mais fácil notar o que se chamaria de brutalidade e perder toda a poesia e delicadeza do esporte, do que entender a porção de ciência e idealismo que move de forma sobre-humana aquelas barras.

"a barra é um monte de eletron voando no nada, é a sua cabeça que empurra aquilo"

Marilia: http://mariliacoutinho.livejournal.com/

Mas a complexidade do esporte é apenas um dos motivos do meu gosto pelo powerlifting, o maior motivo é o anacronismo dos atletas. Eu não entendo a pós-modernidade, eu carrego bandeiras, clichês e idealismos da modernidade e sofro por isso. Como então não me apaixonar por atletas\loucos que na grande maioria das vezes pagam para competir, que ignoram o rígido padrão estético treinando pesado e moldando o seu corpo para o esporte que praticam? Que viajam e se hospedam na casa de quase desconhecidos, cujo valor comum é o powerlifting? E principalmente, não objetivam vantagem material naquilo que mais trabalham? Essa gente de corpo pesado e que levanta peso como maquina, faz o que faz por um dos sentimentos mais velhos da humanidade: amor.

“O levantamento de peso básico é a maior demonstração de “força pura” do mundo dos esportes”

Denílson: http://www.portaldoferro.com/artlevbas3.htm

Essa gente romântica de mais de cem kilos, que come sozinha umas três pizzas família, que não protagoniza novela da globo e tampouco cartaz de dia dos namorados, tem o total apreço desse otário que por hora os escreve com a delicadeza que eles cospem no chão.




Por que isso?

Eu sou composto de muita culpa catolica
algum deboche carioca
sobrepeso no corpo e na alma
o corpo eu cuido nadando
a alma eu cuido pecando
a culpa eu cuido blefando.

Na verdade, eu sou um blefe
eu sou um blefe de verdade
eu nao apostaria em mim
eu nao leria o meu blog
mas eu sou ótimo para um sabado a noite .

Eu sou composto de muita disritmia emocional
eu sinto saudade de quase tudo
e minha saudade é super excêntrica
não lembro do dia do aniversário, nao lembrarei da data do casamento
mas lembro exatamente do cheiro de café que fica pela casa
e por mais que passem anos, do timbre de voz do bom dia!

Ah, principalmente: Eu sou careta
sou fundamentalmente careta
olho a lua, olho estrela, adoro mato e sol
e frases ordinárias, tenho vicio por frases e momentos ordinários
puta que pariu, eu nao sou nada demais
mas como diria Wilson Batista que é tudo de bom

"Eu sou assim
Quem quiser gostar de mim
Eu sou assim"

Presentes Bibliográficos: (por que isso?)

Meu mundo é hoje:
Wilson Batista

Eu sou assim
Quem quiser gostar de mim eu sou assim
Eu sou assim
Quem quiser gostar de mim eu sou assim
Meu mundo é hoje
Não existe amanhã pra mim
Eu sou assim
Assim morrerei um dia
Não levarei arrependimentos
Nem o peso da hipocrisia
Tenho pena daqueles
Que se agacham até o chão
Enganando a si mesmos
Com dinheiro e posição
Eu nunca tomei parte
Desse enorme batalhão
Pois sei que além de flores
Nada mais
Vai no caixão.

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Adultos:
Vladimir Maiakovski

Os adultos fazem negócios.
Têm rublos nos bolsos.
Quer amor?
Pois não!
Ei-lo por cem rublos!
E eu, sem casa e sem teto,
com as mãos metidas nos bolsos rasgados, vagava assombrado.
À noite vestis os melhores trajes
e ides descansar sobre viúvas ou casadas.
A mim Moscou me sufocava de abraços
com seus infinitos anéis de praças.
Nos corações, nos relógios bate o pêndulo dos amantes.
Como se exaltam as duplas no leito do amor!
Eu, que sou a Praça da Paixão, *
surpreendo o pulsar selvagem do coração das capitais.
Desabotoado, o coração quase de fora,
abria-me ao sol e aos jatos de água.
Entrai com vossas paixões!
Galgai-me com vossos amores!
Doravante não sou mais dono de meu coração!
Nos demais - eu sei,
qualquer um o sabe -
O coração tem domicílio no peito.
Comigo a anatomia ficou louca.
Sou todo coração - em todas as partes palpita.
Oh! Quantas são as primaveras
em vinte anos acesas nesta fornalha!
Uma tal carga acumulada
torna-se simplesmente insuportável.
Insuportável
não
para
o
verso
de
veras.